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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Análise: F1 2014

Análise: F1 2014


CONSIDERAÇÕES

O grande problema dos jogos de Fórmula 1 nos videogames, por mais paradoxal e irônico que possa parecer, sempre foi a lentidão. Enquanto a temporada real da principal categoria do automobilismo mundial costuma começar em março, os jogos da categoria tendem a ser lançados no final do ano, nos meses de setembro e outubro. Tudo graças à imprevisibilidade da Fórmula 1, que por conta de suas frequentes mudanças de regra (para o bem do esporte e, principalmente, do entretenimento), fica sujeita a surpresas a cada ano, com alternâncias de superioridade nas pistas por conta dessa ou daquela equipe.

Apesar da internet já ser uma realidade há muitos e muitos anos, só agora, com "F1 2015", a produtora Codemasters irá, finalmente, usar as atualizações online para conseguir lançar um jogo ao mesmo tempo (ou pouco depois) que a temporada começa, enquanto vai equilibrando a força de equipes e pilotos, deixando-os cada vez mais parecidos com seus pares virtuais. Você não leu errado. Isso começa com o "F1 2015", e esta é a análise do "F1 2014".

"F1 2015" (leia bem, dois mil e quinze) será também o primeiro capítulo da franquia a chegar aos videogames da nova geração, o que acaba colocando "F1 2014" em uma espécie de limbo da série de velocidade, por esse e por diversos motivos, incluindo, aí, o esforço da Codemasters.

O jogo, basicamente, é uma versão enxuta de "F1 2013”, usando a mesma interface e quase os mesmos modos de jogo de seu antecessor, alguns simplificados e piorados, como o Modo Carreira. O divertido Modo Clássico, argumento de venda da versão do ano passado, foi embora, deixando "F1” ainda mais raso. A única novidade fica por conta das tradicionais mudanças de regra da categoria, como a entrada dos motores V6 Turbo (e de seu decepcionante som), que impactam tão pouco a mudança de experiência de “F1 2014” enquanto um jogo de videogame que não justificam seu lançamento.
  • F1 2014
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INTRODUÇÃO

O mais simples capítulo da franquia desde a excelente retomada da série de automobilismo pela Codemasters, “F1 2014” recria a primeira temporada da categoria depois de uma série de mudanças em suas regras, visando dar mais equilíbrio à F1, especialmente dando fim à hegemonia absoluta da equipe Red Bull, hoje substituída enquanto protagonista pela Mercedes.

Além de todas as mudanças aerodinâmicas dos novos carros, adaptados ao novo regulamento, e dos novos motores V6 Turbo, “F1 2014” também fica mais próximo da Fórmula 1 atual, e mais emocionante, graças ao ERS, sistema de recuperação de energia que substituiu o KERS, que adiciona cerca de 160 cv de potência por 33 segundos aos carros, contra os antigos 80 cv por 6 segundos anteriores. Se no mundo real o sistema garantiu uma temporada com mais ultrapassagens e “pegas”, no videogame isso fica ainda mais intenso.

As novas pistas da temporada também chegam ao jogo. Além do retorno de Hockenheim, na Alemanha, e do Red Bull Ring, na Áustria (o antigo A1 Ring), “F1 2014” apresenta, de forma inédita na série, o circuito de Sochi, na Rússia, trazendo, também, o Grande Prêmio do Bahrein enquanto uma corrida noturna, pela primeira vez.

No mais, “F1 2014” é quase idêntico ao capítulo anterior da franquia, com opções de regulagem na jogabilidade que prometem atender desde fãs antigos da Fórmula 1 até novatos do gênero de corrida, em versões de PC, Xbox 360 e PS3.

PONTOS POSITIVOS

  • Pneus
  • Desde que o reabastecimento nos boxes foi abolido, em 2010, os pneus ganharam papel de protagonismo no Mundial de F1. Depois de anos derrapando em relação ao assunto, finalmente a Codemasters conseguiu reproduzir a importância dos pneus nas corridas.

    Mais do que a diferença de performance entre os diferentes tipos de pneu (super macio, macio, médio e duro, além do intermediário e do pneu de chuva), os diferentes estilos de pilotagem, mais conservadores e macios ou mais arrojados e agressivos, parecem fazer muito mais diferença na manutenção do desempenho do carro a longo prazo.

    A qualidade da simulação de pneus dá mais profundidade ao jogo e, mesmo que solitariamente, aponta para uma experiência mais completa e verdadeira que poderá ser marca do vindouro “F1 2015”.
  • Gráficos competentes
  • Não houve grande mudança na qualidade dos gráficos, se compararmos “F1 2014” a seu antecessor, “F1 2013”. Mas o que já era uma força no passado continua sendo um atrativo no presente.

    Os detalhes de carros e pistas são incríveis e levam ao limite o poder da já velhinha geração de consoles de PS3 e Xbox 360. A atenção do jogador fica muito direcionada à direção, durante às provas, então caso você tenha oportunidade de jogar “F1 2014”, se dê de presente algum tempo revendo suas próprias corridas no replay. É uma experiência de tirar o fôlego.

    Como nem tudo são rosas, vale apontar o fraco visual dos pilotos, especialmente a pequena porção de seus rostos que fica à mostra, usando o capacete. Embora as feições sejam reconhecíveis, os detalhes são assustadoramente ruins. Os olhos, por exemplo, ficam sempre estáticos, sem transmitir emoção alguma e sem nunca piscar.

PONTOS NEGATIVOS

  • Passos para trás
  • O Modo Clássico foi embora. O Modo Carreira foi simplificado e perdeu parte de seu desafio. A interface do jogo é idêntica à da versão do último ano. Até mesmo o Teste para Jovens Pilotos, excelente tutorial que servia também como introdução narrativa para o game, foi embora, dando lugar para o pífio Sistema de Avaliação de Pilotos, que, na prática, se resume a apenas uma volta no circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica, indicando de forma nem sempre precisa a dificuldade indicada para o jogador.

    Fica claro que os esforços da equipe da Codemasters estão voltados somente para o desenvolvimento de “F1 2015”, na nova geração, mas será que tantos elementos positivos do ano passado não poderiam ser mantidos, iguais, como tantas outras características do game?
  • Sistema de assistência
  • Jogar “F1 2014” enquanto um novato é frustrante. Embora não exista nenhum tipo de dificuldade em controlar o carro com as assistências ligadas (ele quase se guia sozinho), o Fórmula 1 se torna excessivamente chato e lento, impossibilitado de alcançar vitórias e bons resultados.

    Já os fãs antigos de Fórmula 1 e de jogos de corrida ficarão ainda mais decepcionados com a constante sensação de que a assistência de direção e tração, em algum nível ainda que mínimo, parece estar ligada, mesmo quando, aparentemente, não está. Cenários desafiadores, corridas na chuva e situações extremas de desgaste de pneus deveriam, quero eu acreditar, parecer mais difíceis.

    Talvez isso seja um reflexo da facilidade que é dirigir um carro de Fórmula 1 nos dias atuais, pois como diz o tri-campeão mundial Nelson Piquet, “qualquer imbecil pilota na F1 de hoje”. Infelizmente eu não pude guiar um Fórmula 1 de verdade para fazer a comparação (equipes, fiquem à vontade para me convidar para um teste).
  • Abismo entre joystick e volante
  • Embora todo jogo de corrida seja mais divertido e verossímil quando jogado com um volante, “F1 2014” tem um abismo entre os dois tipos de controle.

    A sensibilidade de pedais funciona de forma atrapalhada no joystick (especialmente no acelerador), e o controle da direção do carro é pouco precisa. Já com o volante e pedais, a experiência de “F1 2014” dá um salto enorme, entregando de fato o nível de simulação esperado pelos fãs da categoria.

    A limitação, ainda que não proposital, da boa experiência a donos de periféricos é mais uma bola fora do jogo.

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